Imprensa negra 190 anos de luta antirracista ligam passado e presente
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Imprensa negra: 190 anos de luta antirracista ligam passado e presente

Há 190 anos, no dia 14 de setembro de 1833, o primeiro jornal da imprensa negra no Brasil, O Mulato ou O Homem de Côr, viu a luz do dia. Neste artigo, mergulhamos na história dessa luta antirracista que conecta o passado e o presente, destacando o papel fundamental do jornalismo como ferramenta de denúncia, debate e reflexão.

O Início da Imprensa Negra no Brasil

O jornal O Mulato ou O Homem de Côr foi criado por Francisco de Paula Brito, um homem negro que não apenas deixou uma marca indelével na literatura brasileira ao ser o primeiro editor de Machado de Assis, mas também foi pioneiro na promoção da imprensa negra no país. Embora tenha tido apenas cinco edições, esse jornal abriu as portas para todos os que viriam depois.

O jornal tinha um propósito claro: denunciar a discriminação racial contra pessoas negras livres. Em 1833, uma das principais bandeiras foi atacar as dificuldades impostas aos negros para conseguir cargos públicos civis, políticos e militares. Naquela época, a escravidão ainda estava em vigor no Brasil, tornando ainda mais corajoso o ato de desafiar a opressão racial.

O Século 20 e a Multiplicação dos Veículos

Ao longo do século 20, o número de veículos da imprensa negra multiplicou-se. Jornais como A Alvorada, A Tesoura, A Revolta, e O Tagarela, surgiram no Rio Grande do Sul. Minas Gerais viu a circulação de A Verdade e Raça. São Paulo testemunhou a ascensão de O Menelick, O Xauter, A Rua, O Bandeirante, e outros. A maioria dessas publicações teve vida curta, mas seu impacto foi significativo.

Um ponto comum que conecta todos esses jornais é a luta contra a discriminação e o preconceito. No século 19, eles levantavam questões sobre a vida dos negros não escravizados nos primeiros anos do país independente. Já no século 20, a luta se voltou para o combate ao racismo estrutural, que se manifestava em várias formas, como nas instituições, na polícia, no mercado de trabalho, nas escolas e no acesso à terra.

Imprensa negra 190 anos de luta antirracista ligam passado e presente
Rio de Janeiro (RJ), 16/03/2023 – A diretora-geral do Arquivo Nacional, Ana Flávia Magalhães Pinto concede entrevista à Agência Brasil. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Passado e Futuro da Imprensa Negra

Atualmente, a imprensa negra continua desempenhando um papel fundamental na sociedade brasileira. Veículos como o Tição, que circulou em 1977, estão ressurgindo com edições comemorativas para resgatar debates do passado e aplicá-los ao contexto atual. A revista Tição, por exemplo, busca confrontar diferentes contextos e analisar os avanços e retrocessos enfrentados pela população negra no Brasil.

O jornalismo negro oferece às comunidades negras a oportunidade de abordar seus próprios problemas e lutar contra desafios sociais fundamentais, como o desemprego, a falta de acesso à educação e a violência policial. É um canal essencial para dar voz a questões que muitas vezes são negligenciadas pela mídia hegemônica.

A imprensa negra não apenas traça uma linha contínua de luta antirracista desde o século 19, mas também aponta para um futuro em que as vozes negras são ouvidas e respeitadas em toda a sociedade brasileira. A luta não acabou, mas a imprensa negra continua sendo uma luz guia nesse caminho rumo à igualdade e justiça.

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