Quando olhamos para o futuro, a primeira visão que vem à mente é que não será suficiente produzir, terá que ser feito de forma sustentável. E esta é a primeira tendência vista como uma encruzilhada na visão do Brasil para o futuro da agricultura Foi elaborado por uma equipe de centenas de técnicos da Embrapa para orientar o processo nos próximos anos de megatendências do agronegócio.
Serve também como fonte de reflexão para todos os atores dos diversos elos das cadeias de valor do agronegócio para que ninguém seja seduzido por sua zona de conforto e, sim, motivado a trilhar os caminhos que mantêm a força e a competitividade do mercado nacional. agricultura. -indústria..
A definição de desenvolvimento sustentável Rio 92 é o desenvolvimento que atende às necessidades de hoje sem comprometer a capacitância das gerações futuras de atender às suas próprias necessidades. Do ponto de vista agrotécnico, significa produção com menor emissão de gases de efeito estufa (GEE), conservação da água manejo adequado da fertilidade do solo, uso de insumos de forma tecnicamente recomendada, alargamento do uso de insumos biológicos, evitar desperdícios e perdas, e atentar para a situação social no campo com emprego e renda decentes.
Sustentabilidade é a designação de uma sociedade global que servirá de referência para a dominação do mercado. Isso exigirá uma demonstração clara, como o processo de rastreabilidade dos produtos agrícolas. Uma descrição das tecnologias e condições que existem ao longo do ciclo de vida do produto.
Questões como bioeconomia e bem-estar animal estão se tornando vetores importantes para a produção agrícola. O que deve ser harmonizado com o meio ambiente, que inclui a promoção dos serviços ambientais e o pagamento aos produtores, é uma questão de equidade na divisão de custos, que beneficia a todos.
Digitalização e automação
Há meros 50 anos, tudo o que se exigia de um trabalhador rural era bem operar enxada, facão ou gadanha. As colhedoras modernas possuem mais eletrônica embarcada que muitos aviões bimotores. Seus operadores necessitam conhecimento técnico e aprimoramento constante.
O agro se torna progressivamente digital, tanto na gestão quanto nas operações técnicas. Grande parte dos controles passam a ser digitais, muitas vezes remotos. O que demanda um novo perfil no campo, com treinamento e assistência técnica permanente. E investimentos em universalização da energia e da conectividade das propriedades rurais.
As margens no negócio agrícola estão se tornando progressivamente menores, com os ganhos de produtividade e as exigências de competitividade. Para tanto, além da escala, é necessário um ajuste fino nos métodos de gestão e produção.
O que aumenta a responsabilidade de órgãos de capacitação, como o Senar, e de associativismo, como as cooperativas, que têm o desafio de inserir o pequeno e médio produtor no contexto do complexo agronegócio moderno, cada vez mais digital.
Tecnologia e agregação de valor
Cada vez menos cidadãos habitam e labutam nas propriedades rurais. Menos mão-de-obra exige intensificação tecnológica, mais automação e mecanização, ganho de escala produtiva e avanços tecnológicos. Dos laboratórios de pesquisa vertem inovações, que facilitam a vida do agricultor. Também surgem novas tecnologias que aumentam a saudabilidade dos alimentos, inclusive com melhoria de suas propriedades nutricionais e de redução de risco de determinadas doenças, beneficiando todos os cidadãos.
Novos desafios exigirão novas tecnologias. À guisa de exemplo, o enfrentamento das mudanças climáticas, com secas mais intensas e prolongadas, exigirá novas variedades, que mantenham a capacidade produtiva, mesmo sob condições de estresse hídrico. A pressão por sustentabilidade exigirá sistemas de produção que aumentem continuamente a produtividade agrícola, com menor demanda de insumos por unidade produzida.
O desenvolvimento tecnológico demandará cada vez mais integração de profissionais com formação e habilidades diversificadas. Os institutos de pesquisa serão requisitados com intensidade crescente, para antecipar-se aos problemas e entregar soluções inovadoras, com quebras de paradigma, para sempre atender às exigências dos consumidores. O que impõe aos governos e à iniciativa privada investimentos elevados e contínuos no quantitativo e na qualidade dos cientistas, além de equipamentos e condições de trabalho à altura dos desafios.
O aumento da renda per capita, do acesso à informação e da comunicação leva ao aumento da demanda por alimentos específicos, como proteínas animais. Em contraponto, surgem novos hábitos como o veganismo ou flexitarianismo, e todos precisam ser atendidos. As cadeias de valor necessitam adequar-se rapidamente para contemplar as novas tendências, sejam elas nichos ou macro mercados. A incorporação de valor antes da exportação é um dos principais desafios a solver no futuro mediato, para garantir a pujança do nosso agronegócio.